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terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sensuous / Cornelius

Sensuous

(Cornelius, 2006)

Um disco de cinco em cinco anos não é propriamente um record em volume de produção, mas ao ouvir Sensuous percebe-se o que toma tanto tempo. Keigo Oyamada escolheu o seu alias em homenagem à personagem protagonista de “O planeta dos macacos” e baptizou o filho com o nome de Milo, filho de Cornelius. Cada disco seu é uma caixinha mágica cheia de novidades para o ouvido humano. Em Sensuous Cornelius leva-nos através de 46’49’’ ininterruptos de um mundo irreal-futuristico onde a música se reinventa tema após tema. Digitalismos límpidos e brilhantes misturam-se com impressoras de escritório, cordas graves de um piano dedilhadas, melodias cantadas em textos monossilábicos, guitarras eléctricas que substituem baterias, harmonias vocais e instrumentais a saltarem em stereo de coluna em coluna. Matéria prima de elaboradas composições onde a complexidade rítmica e harmónica em nada afecta a musicalidade do disco, numa quase paradoxal união entre “inteligência e beleza”. Retomando a questão inicial, o que requer cinco anos de intervalo a cada disco seu não é a sua criação mas o tempo de habituação dos nossos ouvidos ao novo som. Como um delicado prato de fusion-sushi, Sensuous é uma colecção de pérolas musicais a serem degustadas lentamente e pouco a pouco nos próximas anos, até que do Eliseu da inteligência símia, Cornelius se remanifeste para reinventar de novo o som e a música dos homens.