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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

"Mama-ko, mama-sa, mama-ma-ko-sa"

Africadelic /Manu Dibango, 1972

Os anos sessenta ficam recordados como um dos mais grotescos no que diz respeito à fusão cultural na história da humanidade contemporânea. Tempos duros para as minorias raciais vivido em particular nos EUA. Por outro lado, foi igualmente nessa década, graças em particular às correntes de pensamento hippie e movimentos flower & black powers e seus derivados, que do conflito e do debate, a fusão de pensamentos, pouco a pouco, aproximou as comunidades. A questão não ficou resolvida então nem talvez venha alguma vez a se-lo, mas nos anos setenta e nalgumas áreas do mundo ocidental a realidade tinha de certa forma mudado. A música de raiz africana internacionalizava-se a alta velocidade e do gheto passara para música de culto e de sucesso (também) mediático. Funk, Soul & R&B invadiam salas de espectáculo, estações de rádio, estúdios e editoras main stream, outdoors por todas as metrópoles, salas de cinema e, com alguma sorte, prateleiras de discos nas casas dos nossos pais.
Manu Dibango (natural dos Camarões transferido para França aos quinze anos) vinha a desenvolver já desde os anos sessenta um novo estilo musical urbano, fundindo em formato orquestral o jazz, o soul e o funk às raízes musicais da “África Caraíbica”. É neste contexto que em 1972 na rádio Francesa se começa a ouvir os ditongos "Mama-ko, mama-sa, mama-ma-ko-sa". Nesse ano Dibango havia sido convidado a compor o hino para a oitava Taça do Futebol Africano. “Soul Makossa” vinha no lado B. O tema vendeu milhões de cópias por todo o mundo e subiu ao pódio dos primeiros afro-disco hits da história da música. Africadelic, disco composto, produzido e gravado por Dibango para profissionais de TV e Rádio, foi empurrado pelo sucesso de “Soul Makossa” para as lojas de discos imortalizando-se assim um dos mais emblemáticos exemplos da “Blacksploitation sound-track Afro Music”.


# Nota para “samplistas”: frases certinhas a compasso, inúmeros breaks e marcações com uma very soul power big band, secções rítmicas limpas em abundância. Uma caixa de pérolas toda instrumental. C’est parfait.
## Efeitos secundários (potencialmente) indesejáveis: quando escutado na aparelhagem estereofónica de uma viatura, o condutor e restantes passageiros poderão sofrer de um estado de confusão mental temporária e sentir-se Shaft numa missão de captura de um boss da máfia de NY dos anos setenta. Se ouvir Africadelic, não conduza.